Recordo-me de ti como um anjo de olhos negros e vazios que procurava incessantemente uma forma de se agarrar à vida e aí mudas-te a minha maneira de ver e, através dos teus olhos, libertei-me.

Mas cada vez mais sinto que me prendi e que nunca mais te vou poder mostrar tudo o que me fizeste sentir e o que proporcionaste na minha vida.

Quero-te presente em todos os momentos e exijo isso de ti sem tu próprio me teres autorizado, mas não sei dormir sem saber que estás bem e que eu, de qualquer modo, participo no teu bem-estar, é quando te sinto encostado á minha cabeceira ouvindo os meus pensamentos e que sei que sabes que estou a pensar em ti, como em todas as noites antes de adormecer.

Provocas sensações em mim que nunca saberei explicar e por isso posso ate tornar-me altamente egoísta por não te deixar ir, mas preciso de ti como preciso da noite. Tu e ela são os únicos capazes de me fazerem acalmar só com um simples pensamento. E, assim, declaro que tenho um vício entranhado no meu corpo e mais forte ainda no meu coração.

Queria poder mostrar-te que faço tudo para te sentir feliz, mas não posso, e isso meio que me entristece nas noites em que me transpareces as tuas lágrimas. O meu coração fica bem pequenino quando penso que por vezes queria estar presente na tua vida e retribuir-te tudo o que me dás, mas não consigo. Queria dar-te o abraço apertado que tanto mereces, olhar-te nos olhos enquanto adormeces, prometendo-te que tudo ficará bem e que quando mais ninguém te valer eu estarei aqui, porque, para além do que pensas, eu sou mais do julgas. E com os olhos fechados, aqui a olhar as estrelas eu prometo que independentemente de tudo eu dar-te-ei o amor de formas que tu mesmo desconheces, sem te magoar e sem nunca te desligar de mim, porque desde que tu entras-te para o meu mundo que tornas-te possível o sol brilhar aqui.

Agora, para além do anjo com os olhos negros e vazios, és como um amor e o meu melhor amigo.